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Compulsão alimentar vs. exagero alimentar: entenda as diferenças (e como lidar com cada um)

Você já comeu além da conta em uma festa ou final de semana e se sentiu desconfortável depois? Ou já passou por episódios em que perdeu o controle sobre a comida, comendo rápido e em grande quantidade, mesmo sem fome?


Embora ambos os cenários envolvam comer em excesso, existe uma grande diferença entre exagero alimentar e compulsão alimentar (Transtorno da Compulsão Alimentar - TCA).

Vamos entender as características de cada um, como identificar e o que fazer em cada caso.


1. O que é exagero alimentar?


Características:
  • Acontece ocasionalmente (ex.: festas, feriados, eventos sociais).

  • Você sabe que está comendo mais, mas consegue parar quando se sente satisfeito.

  • Não há sentimento de culpa intenso depois.

  • Não é acompanhado por comportamentos compensatórios (como vômitos ou exercícios excessivos).


Por que acontece?
  • Ambiente propício (buffets, confraternizações).

  • Comida muito saborosa e disponível.

  • Fator emocional (como comer por tédio ou ansiedade).


O que fazer?
  • Não se culpe – é normal exagerar às vezes.

  • No dia seguinte, volte à rotina sem restrições extremas.

  • Pratique alimentação consciente (comer devagar, prestar atenção à fome).


2. O que é compulsão alimentar (transtorno da compulsão alimentar - TCA)?


Características:
  • Episódios frequentes (pelo menos 1 vez por semana por 3 meses).

  • Sensação de perda de controle ("não consigo parar de comer").

  • Come muito rápido e até se sentir desconfortavelmente cheio.

  • Pode comer mesmo sem fome física.

  • Culpa, vergonha ou angústia intensa após o episódio.

  • NÃO usa métodos compensatórios (diferente da bulimia).


Por que acontece?
  • Restrição alimentar crônica (dietas muito rígidas).

  • Fatores emocionais (estresse, ansiedade, depressão).

  • Genética e ambiente (histórico familiar, traumas).


O que fazer?
  • Busque ajuda profissional (nutricionista + psicólogo + psiquiatra).

  • Evite as dietas restritivas – elas pioram a compulsão.

  • Identifique gatilhos emocionais (o que desencadeia esses episódios?).

  • Pratique autocuidado sem julgamentos – compulsão não é "falta de força de vontade".


Por que as pessoas confundem?


1. A cultura das dietas distorce tudo
  • Vivemos em um mundo que patologiza o comer normal ("comi um pedaço de bolo = falhei").

  • Ao mesmo tempo, romantiza a restrição extrema ("fiquei 12 horas sem comer = sucesso").

  • Resultado? Qualquer exagero vira "compulsão", e qualquer compulsão é minimizada ("é só falta de força de vontade").


2. Sintomas parecidos (mas motivos diferentes)
  • Ambos envolvem comer além da fome física.

  • A diferença está na frequência, intensidade e impacto emocional (veja tabela no post anterior).


3. Falta de informação sobre saúde mental
  • Muita gente não sabe que compulsão alimentar é um transtorno psiquiátrico (TCA), não "falha de caráter".

  • Exagero ocasional, por outro lado, é parte da alimentação normal.


Principais diferenças entre eles

Característica

Exagero Alimentar

Compulsão Alimentar (TCA)

Frequência

Ocasional

Recorrente (1x/semana por 3+ meses)

Controle

Consciente, pode parar

Sensação de perda de controle

Velocidade

Come normalmente

Come muito rápido

Fome física

Pode estar com fome

Come sem fome

Culpa depois

Leve ou inexistente

Intensa (vergonha, angústia)

Compensação

Não há

Não há (diferente da bulimia)


Como lidar com cada situação?


Se for exagero ocasional:
  • Não se puna – isso pode levar a ciclos de restrição e mais exageros.

  • Volte à rotina sem extremismos.


Se for compulsão alimentar:
  • Procure ajuda – TCA é um transtorno sério, mas tratável.

  • Evite dietas radicais – elas pioram o ciclo.

  • Trabalhe a relação com a comida – comer não deve ser um ato de culpa, mas de nutrição e prazer equilibrado.


Se você se identificou com sinais de TCA, não se julgue: transtornos alimentares são condições médicas, não escolhas. Procure ajuda profissional! E se foi "só" um exagero? Permita-se viver sem culpa – comida também é prazer.


✍🏼Milena Hernandes - Nutricionista

📌CRN-3 63747


Referências bibliográficas:

  • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), 2013.

  • SCHAEFER, J. T.; THOMPSON, J. K. The role of self-compassion in recovery from binge eating disorder. International Journal of Eating Disorders, 2018.

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